Comecemos por entender o que é meditar, ou melhor, qual o sentido usado aqui para essa palavra, pois ela pode ser empregada com significados distintos, para situações específicas. O mais comum é utilizá-la para se referir à atitude de alguém que deliberadamente se vale de determinados recursos para pacificar e acalmar a mente, evitando os pensamentos. Entretanto, outros usam a palavra “meditar” para aludir ao ato de pensar sobre determinada frase ou trecho de uma certa leitura que considerem especial ou sagrada, como uma passagem do evangelho que lhes traga inspiração.

Dentro do primeiro grupo, existem aqueles que acreditam que meditar envolve se sentar em determinada posição e praticar exercícios mentais específicos. São muitas as técnicas de meditação, geralmente ligadas às mais variadas escolas, religiões ou filosofias orientais. A maioria delas relaciona-se a algum tipo de crença, mas nem todas têm cunho religioso, de forma que o mais comum é que os praticantes da meditação sejam pessoas que alimentam algum tipo de espiritualidade.

Comumente pessoas espiritualistas, ligadas a alguma filosofia/religião oriental, fazem uso da meditação com uma finalidade a mais. Além de focar e acalmar a mente, que seria o primeiro passo, buscam também entrar em estado meditativo, de forma a alcançar a chamada “iluminação”* – um estado transcendental. Esse seria o seu fim último, o motivo real pelo qual se apegam à prática diária da meditação, o que requer uma disciplina férrea e muita dedicação por anos a fio. Embora essa meta seja mais típica de pessoas que se consagram inteiramente à vida espiritual, como os monges que vivem em comunidades isoladas, buscar a realização espiritual não é exclusividade deles, muitas e muitas pessoas que levam uma vida “normal” no meio da sociedade se dedicam a praticar a meditação com essa mesma finalidade.

Mas existe também o oposto, pessoas que não são espiritualistas e se acham desprovidas de qualquer tipo de crença e que praticam algum tipo de meditação como um exercício mental mesmo; uma forma de relaxarem e se pacificarem. E funciona para eles também, assim como funciona para os crédulos.

Mas, existem ainda outros tipos de práticas que favorecem esse estado de meditação, de forma que podemos dizer que provavelmente tem muita gente a meditar sem saber que o faz. Estou apontando agora uma espécie de meditação que não aquela em que a pessoa deliberadamente se senta e começa a praticar uma técnica que a levará ao estado meditativo. O fato é que existem determinados tipos de atividades que levam a pessoa a entrar nesse mesmo estado. Trata-se de algo que leva a mente da pessoa a entrar naturalmente num estado de calma, exatamente como acontece com aqueles que praticam a meditação. Isso é fantástico, pois a meditação traz muitos benefícios ao organismo, além de relaxar e pacificar a mente.

O estado meditativo tem a ver com a vibração elétrica no cérebro. A neurociência, que tem se dedicado a estudar a atividade cerebral, descobriu vários tipos de ondas, relacionadas a estados distintos. São elas: Delta, Theta, Alfa, Beta e Gama. Todas essas ondas estão ativas em nosso cérebro ao longo dia e, dependendo do que estamos fazendo, predomina um ou outro tipo em determinadas áreas do cérebro. As ondas Delta são as que têm maior amplitude de onda e estão relacionadas com o sono profundo sem sonhos. Já as ondas Theta têm maior atividade quando experimentamos emoções profundas. As ondas Alfa relacionam-se ao estado de calma e relaxamento favorável à meditação. Em contrapartida, as ondas Gama, de frequência extremamente rápida, ligam-se a atividades em que focamos a atenção, de alto processamento cognitivo (https://amenteemaravilhosa.com.br/tipos-de-ondas-cerebrais/). E, finalmente, as ondas Talfa, reconhecidas apenas nos últimos anos, são associadas a uma mente saudável quando induzidas por vontade própria (https://hipnosecomneurociencias.com/neurociencias-das-ondas-cerebrais/).

Assim, entendemos que quando a pessoa diz que está meditando, na verdade, ela está fazendo por onde mudar sua atividade cerebral, de forma a entrar no chamado estado alfa – estado esse que pode acontecer espontaneamente quando a pessoa realiza determinado tipo de atividade; por exemplo, lavar pratos com o foco naquilo que está fazendo, assim como outras atividades simples, geralmente repetitivas, desde que a pessoa se concentre naquilo que está executando.

É sabido que fazer trabalhos manuais, como o crochê, induz ao estado alfa, sendo, por isso, uma atividade indicada para acalmar a mente. Descobriu-se também que idosos, sentados numa varanda ao entardecer, fazendo nada, simplesmente olhando o horizonte, normalmente entravam em estado alfa. Isso levou os estudiosos a acreditarem que tal estado pode ocorrer naturalmente no entardecer da vida, sendo provavelmente muito importante no processo de envelhecimento. Atualmente, a prática da meditação é bastante recomendada aos idosos devido aos inúmeros benefícios que traz, pois, além de acalmar a mente, ajuda na prevenção de doenças, melhora o sono e implementa a qualidade de vida.

*Iluminação – Segundo o Budismo, a iluminação refere-se à libertação do sofrimento e das aflições mentais ou obstáculos que são a sua causa. É a realização da própria natureza de experimentar as coisas como elas realmente são, sem o véu da ilusão. Um ser iluminado compreende a natureza condicionada dos fenômenos impertinentes. O Buda referia-se a este estado como a ‘felicidade suprema’. A mente iluminada caracteriza-se pela sabedoria, compaixão e pureza.

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