Precisamos sonhar, alimentar a esperança para enfrentar os dias difíceis, para atravessar o tempo de escuridão pelo qual passamos.

Sim, porque estamos vivendo um momento muito tenso, muito estressante, enfrentando dia a dia uma doença que ainda é bastante desconhecida, uma situação política extremamente desfavorável, numa conjuntura econômica desastrosa, com grande desemprego e aumento nos preços de muitos produtos essenciais quase que diariamente. Como resultado, ficamos tensos, estressados, cansados e até mesmo extenuados ou caímos na tristeza, entramos na depressão. Em consequência, o corpo se ressente e começam a aparecer as dores, os mal-estares, a fragilidade orgânica, que permitem o aparecimento de muitas e variadas doenças.

De forma que uma das questões que se põem agora é: como atravessar esse túnel tenebroso, de forma a sair do outro lado com o mínimo de perdas possível? Sim, porque teremos perdas, é impossível passar por tudo isso que estamos vivendo e sair sem nenhum arranhão. Agora é encarar que sairemos machucados, mas queremos pelo menos sair vivos; como diz o velho ditado: “vão-se os anéis, ficam os dedos”!

Assim, digo: alimentar a esperança é fundamental, porque na outra ponta está o desespero, que só leva a mais infortúnio, ao sentimento de estar totalmente perdido. E fazer tudo para não se perder numa hora dessas faz toda a diferença. Se me perco, se me distancio de mim mesma, terei de me encontrar depois e isso por si só pode demandar uma caminhada muito longa.

“Esperar o quê? – diriam alguns mais desanimados… Que esperança podemos ter nesse instante? Digo que, se afundarmos no presente, de fato não temos nada de bom a esperar. Mergulhar no momento atual é perder mesmo a esperança, é mergulhar no sombrio, onde não se vê a luz ao fim do túnel. Então não podemos adentrar com toda a nossa intensidade no agora, precisamos ter uma maleabilidade mental que nos permita transitar entre os diferentes tempos, que nos leve ao passado e ao futuro.

Demanda utilizar a sua mente para visitar o seu passado, se lembrar dos bons momentos vividos e alimentar a sua alma, trazendo-lhe novo vigor. Voltar ao passado para se reconectar com seus sonhos, desejos e projetos, saindo da paralisia do presente (porque se paralisar é uma forma saudável de se sustentar em tempos difíceis, mas não é saudável viver assim por muito tempo). Alguns animais, como as lagartixas, se paralisam e “fingem de mortas” quando enfrentam o perigo, mas assim que o predador passa ela se move, continua sua vida.

O comportamento equivalente humano diante de uma situação de crise seria o recurso de se paralisar emocionalmente, e muitos fazem isso, simplesmente esperam a situação passar para depois retomarem a vida. Isso é ótimo, mas se a situação de crise é muito extensa, manter-se nessa apatia o tempo todo pode se tornar algo doentio, pois há o risco de a pessoa cair no imobilismo mental, entrando numa espécie de estado catatônico, numa depressão profunda.

Entretanto, também não é o caso de viver preso ao passado; e com uma boa mobilidade mental podemos também nos colocar no futuro, de forma que, com um pé no passado possamos sonhar com um futuro promissor, realizando velhos sonhos. Dessa forma, é possível viver essa temporada de sombras sem cair na escuridão total, na medida em que, sendo iluminados pelo passado e atraídos pelo futuro, vamos nos inspirando e enchendo nossos pulmões de ar, nosso corpo de energia, e nos preparando para as alegrias que nos aguardam daqui a pouco.

Vislumbrando o futuro, vendo novas paisagens, novas realizações, vamos avançando. Isso nos traz a relatividade do tempo, de forma que o agora perde um tanto do seu poder avassalador, na medida em que se torna pequeno, relativo, circunstancial. E isso é extremamente importante, porque se mergulhamos nele com tudo, ele se torna eterno e infinito.

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